Entrevista ONIP – Humberto Machado Zica, CEO da Delp Engenharia

“ONIP pode ampliar sua relevância no cenário nacional”, afirma Humberto Machado Zica, CEO da Delp Engenharia

A Delp Engenharia, uma das principais empresas de engenharia e fabricação de equipamentos pesados em aço de alta tecnologia no Brasil, celebra seis décadas de trajetória este ano.

Com unidades fabris em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, além de representações nos Estados Unidos, Europa e Ásia, a Delp atua em setores estratégicos para a indústria de petróleo, especialmente nas áreas de ancoragem e subsea.

Em entrevista exclusiva à ONIP, Humberto Machado Zica, CEO da Delp Engenharia, faz uma análise dos 60 anos de história da empresa e aponta para o futuro, vislumbrando uma atuação mais abrangente da ONIP.

“A ONIP tem o potencial de ampliar sua relevância no cenário nacional, especialmente se atuar não apenas no setor de petróleo e gás, mas também no setor de energia, em um contexto de descarbonização e de desenvolvimento de energias renováveis”, avalia Zica.

A Delp Engenharia celebra, em 2024, 60 anos de existência. Como o senhor avalia essas seis décadas de trajetória?

O balanço desses sessenta anos é extremamente positivo. Ao longo desse período, enfrentamos muitos desafios, e buscamos sempre superar as expectativas dos nossos clientes. Acredito que tivemos sucesso nessa missão, especialmente graças à dedicação e ao comprometimento de nossos colaboradores, que são a base do nosso êxito.

Quais foram os principais marcos históricos da Delp Engenharia? Por exemplo, no início dos anos 2000, a empresa iniciou a produção de equipamentos subsea no Brasil, e, vinte anos depois, em 2020, começou a exportação desses equipamentos. Em 2021, foi inaugurada a unidade no Porto do Açu. Quais outros momentos importantes o senhor destacaria?

Nos últimos anos, tivemos marcos importantes. Em 2022 e 2023, executamos um contrato relevante para o projeto Bacalhau, da Equinor, um dos maiores e mais desafiadores projetos do Brasil na atualidade. Foi um contrato de dois anos, que exigiu muito trabalho e dedicação de toda a equipe. Além disso, tivemos outro contrato com a Equinor para o fornecimento de Estacas Torpedo, um sistema de ancoragem para FPSOs, que também pode ser utilizado para ancoragem de risers rígidos, linhas de fluxo, equipamentos submarinos e boias. Esse foi outro marco relevante para a Delp nos últimos tempos.

No setor de petróleo e gás, o segmento subsea ainda é o carro-chefe da Delp Engenharia? Quais são os principais equipamentos fabricados atualmente e quais inovações tecnológicas estão sendo incorporadas no segmento subsea?

O segmento subsea continua sendo extremamente representativo para a Delp. Temos um foco significativo nesse setor, uma vez que muitos de nossos clientes subsea também atuam em outras áreas de negócios. Fabricamos uma gama de equipamentos, incluindo manifolds, plets, jumpers e outras estruturas subsea que compõem o layout submarino. Além disso, produzimos outras grandes estruturas ligadas à operação offshore. Ao longo dos anos, avançamos tecnologicamente, passando da simples fabricação de estruturas para a integração de tubulação e a especialização na realização de testes.

Quais são os principais projetos em que a Delp Engenharia participou no Brasil e no exterior?

No Brasil, um dos nossos projetos mais significativos é o Bacalhau, que mencionei anteriormente. Também estamos envolvidos no sistema de ancoragem do projeto Raia, no pré-sal da Bacia de Campos, que é um dos maiores projetos de gás em desenvolvimento no Brasil. Além disso, tivemos uma participação crucial no início do pré-sal, fabricando o primeiro lote de 14 manifolds para essa fase inicial de exploração. No exterior, estamos expandindo nossa atuação, especialmente com a tecnologia da Estaca Torpedo, que tem gerado grande interesse.

Qual é a visão de futuro da Delp Engenharia? A empresa pretende explorar novos mercados? Quais são os planos para os próximos 60 anos?

Enxergamos um futuro promissor, com uma demanda consistente nos próximos anos. Um setor que vislumbramos como estratégico para o nosso crescimento é o de eólicas offshore. Recentemente, firmamos uma importante parceria para o desenvolvimento de sistemas e fundações para esse setor no Brasil.

Na sua visão, quais são os principais desafios e oportunidades da indústria nacional atualmente?

Um dos principais desafios é a escassez de mão-de-obra qualificada, que se tornou um gargalo para o setor. Além disso, a carga tributária elevada representa um grande obstáculo, e esperamos que a reforma tributária possa ajudar a equilibrar essa situação. O custo elevado de matérias-primas no Brasil também é um ponto crítico que precisa ser trabalhado.

Na sua opinião, qual é o papel da ONIP como indutora de conteúdo nacional, considerando o cenário de novas energias, transição energética e descarbonização?

A ONIP tem um papel fundamental como promotora do conteúdo nacional. A organização tem feito um trabalho excepcional até aqui, mas acredito que há espaço para ampliar sua relevância, não apenas no setor de petróleo e gás, mas também no setor de energia, especialmente em um contexto de transição energética e descarbonização. O grande papel da ONIP será intensificar o diálogo entre os diversos stakeholders, desde os demandantes até os fornecedores, e desempenhar um papel institucional estratégico junto aos legisladores para garantir o desenvolvimento sustentável do setor.