Entrevista ONIP – Glauber Barreto, diretor de projetos da Andrade Gutierrez

“Precisamos de um organismo que nos ajude a olhar para o futuro e a ONIP cumpre esse papel com excelência”
Em entrevista exclusiva para o site da ONIP, Glauber Barreto, diretor de projetos da Andrade Gutierrez, afirma: a transição energética também precisa ser discutida de forma pragmática.
“Não podemos simplesmente substituir o petróleo de um dia para o outro, mas podemos – e devemos – investir em formas de tornar nossa produção mais sustentável e em fontes complementares “, aponta.
Para o executivo da Andrade Gutierrez, uma das mais importantes empresas de engenharia e construção do país, responsável pela execução de 40% das obras industriais do parque refinador do Brasil, incluindo a construção da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), uma das maiores do país, e gasodutos como o Urucu-Coari-Manaus, na Região Norte, esse olhar para o futuro, estratégico para fortalecer a indústria nacional, é uma das funções primordiais da ONIP.
“A ONIP cumpre esse papel com excelência”, afirma.
Na sua percepção, quais são os principais desafios da indústria brasileira de petróleo e gás hoje?
O setor de óleo e gás no Brasil passa por um momento de transformação. Um dos grandes desafios é equilibrar o crescimento da indústria com as demandas crescentes por descarbonização e sustentabilidade. Temos uma pressão global para reduzir emissões, e isso exige investimentos em novas tecnologias e eficiência operacional. Recentemente, o Brasil firmou um acordo com a Saudi Aramco para a transferência de conhecimento em inteligência artificial e descarbonização, o que mostra que estamos buscando caminhos para nos adaptar a essa nova realidade.
Outro ponto crítico é a volatilidade do mercado. Os preços do petróleo seguem imprevisíveis, e a necessidade de diversificação da matriz energética coloca desafios para o futuro. Ao mesmo tempo, vejo uma grande oportunidade para o Brasil se posicionar como um player estratégico, aproveitando nossa capacidade produtiva e expertise para fortalecer ainda mais o setor.
Quais as principais oportunidades hoje e nos próximos anos?
Apesar dos desafios, o setor de petróleo e gás no Brasil apresenta oportunidades promissoras. A arrecadação recorde de R$ 10,3 bilhões em contratos de partilha de produção em 2024, demonstra o potencial de crescimento e investimento no setor. Para os próximos 10 anos, a EPE projeta que haverá um crescimento de 47% da produção de petróleo e de 110% do gás natural, comparado a 2023.
Outro ponto positivo é a transição energética. Embora seja um desafio, é também uma grande oportunidade. A busca por eficiência e menor impacto ambiental está impulsionando novas tecnologias, e vejo um espaço enorme para inovação dentro do setor. O Brasil já é referência em políticas públicas relacionadas a produção e utilização de biocombustíveis, por exemplo, com a adição obrigatória de etanol na gasolina e criação de programas nacionais para produção de biocombustíveis.
Quais as principais apostas e novos projetos da Andrade Gutierrez no setor de O&G, nos próximos anos?
Nos próximos anos a Andrade Gutierrez está posicionada para participar de projetos na área Offshore, Refino, fertilizantes e as diversas demandas de infraestrutura no mercado de gás.
Especificamente no setor de gás estamos olhando projetos de terminais de regaseificação, plantas de liquefação, plantas de tratamento de gás e gasodutos.
Qual a importância e o papel da ONIP para a indústria nacional de petróleo e gás?
A ONIP tem um papel essencial na indústria brasileira. O setor de óleo e gás é extremamente complexo, e a ONIP atua como um ponto de convergência entre as empresas, governo e fornecedores. Essa integração é fundamental para mantermos um ambiente de negócios favorável e para desenvolvermos políticas que impulsionem nossa competitividade.
Além disso, vejo a ONIP como uma peça-chave para fortalecer a indústria nacional. Ela coordena ações estratégicas, fomenta a inovação e garante que o setor continue evoluindo de forma sustentável. Precisamos de um organismo que nos ajude a olhar para o futuro e a preparar a indústria para os desafios que vêm pela frente, e a ONIP cumpre esse papel com excelência.
Que temas precisam ser debatidos e quais ações e iniciativas deveriam ou precisam ser desenvolvidas nos próximos anos para alavancar a indústria nacional de petróleo e gás?
Nos próximos anos, é crucial que a indústria nacional de petróleo e gás concentre seus debates em temas como a transição energética, a descarbonização das operações e a diversificação da matriz energética.
A transição energética também precisa ser discutida de forma pragmática. Não podemos simplesmente substituir o petróleo de um dia para o outro, mas podemos – e devemos – investir em formas de tornar nossa produção mais sustentável e em fontes complementares.